sábado, 31 de julho de 2010

OS 90 ANOS DA MINHA AVÓ MARIA



Seu nome era Maria, Maria Luíza, mas para mim simplesmente minha avó. Uma senhora gordinha simpática, de pele branca rosada, ela era também a minha madrinha!
 Sua vida foi como a de muitas pessoas que viveram na sua época, filha de italianos legítimos, nasceu em Tietê em 25 de agosto de 1920, teve oito irmãos, estudou até o segundo ano do curso primário, o suficiente para aprender a ler, escrever e efetuar as quatro operações básicas. Casou-se com o meu avô Ademar, um mestiço filho de alemão com afrodescendente. Teve três filhas, minha mãe Terezinha, hoje com 68 anos, minha tia Guiomar que cometeu suicídio com 21 anos de idade e minha tia Aide, hoje com 64 anos.
 Segundo contam, meu avô Ademar, era um boêmio, que vivia a vida de forma um tanto irresponsável, o que lhe causou muitos aborrecimentos. Chegou a faltar até mesmo o que comer em sua casa, mas ela enfrentou tudo calada e sobreviveu adotando estratégias de planejamento as quais nenhum dos cursos de gestão que participei em toda a minha vida me ensinou.
 Recordo-me dos seus modos, da sua organização e principalmente do planejamento que fazia com a alimentação para nunca faltar, coisa que ela não precisava fazer mais quando convivi com ela, pois os tempos eram outros. Quando chegava a compra do mês, entregue pela cooperativa da usina, ela contava quantas canequinhas de arroz havia e as dividia pelo número de dias que faltavam para chegar a próxima compra. O pacote de banha era dividido em trinta partes, assim como todo restante da compra. Segundo ela nós deveríamos aprender a viver com o que tínhamos e não nos endividar!
 Com roupas de adultos que não servia mais, ou que haviam desgastado em alguma parte, ela costurava roupinhas para seus netos. Fazia vestidinhos lindos para mim e nunca deixava de fazer para minha prima Denise.
 Eu ficava o tempo todo com ela. Minha mãe não tinha muito tempo para mim, porque meu irmão Ademar, três anos mais novo do que eu era muito doente e merecia toda a sua atenção. Com ela aprendi a importância da bondade, do caráter, de fazer as coisas certas. Com ela aprendi a ser quem eu sou.
 Nossa convivência foi curta, apenas onze anos, mas nas minhas lembranças apenas três ou quatro anos. Ela foi para junto de Deus muito cedo, trazendo a primeira grande dor da minha vida, mas o seu legado deixou marcas profundas na minha personalidade. Dela eu herdei muita coisa, meu jeito de ser, a forma de conduzir minhas atividades domésticas, aprendi a tricotar, crochetar, organizar as coisas e principalmente planejar!
 Num dia desses, percebi que até a maquiagem que uso é a mesma que ela usava: pó de arroz, brush e batom e nada mais! Sobrancelhas e olhos naturais, sem nenhuma maquiagem. O modo discreto de se vestir, sem nunca chamar a atenção é outra coisa comum entre nós duas.
 Faltavam três dias para ela completar cinquenta e quatro anos quando sua vida se findou. Chorei e sofri demais, foi muito difícil para mim aquele agosto de 1974, quando o sino da igreja matriz tocou as duas da tarde e ela foi levada de volta para Tietê, para sempre!
 Hoje, se ela estivesse viva estaríamos em festa, pois dona Maria estaria completando noventa anos de idade! Gostaria de poder conversar com ela, falar de mim, da vida, enfim, dizer, te amo e sempre te amarei!
 Fica uma lição: não importa que sua vida seja simples, não importa o fato de você já ter partido há muitos anos, o que importa é o legado que você deixa para aqueles que conviveram com você!!!!
 Vó.... Te amo!!!!!


quarta-feira, 21 de julho de 2010

INSUBSTITUÍVEL


Insubstituível
Esta mensagem é para uma pessoal insubstituível. Eu a admiro muito pelo seu talento profissional e em homenagem a ela resolvi postar em meu blog. Trabalhamos quatro, ou seja cinco anos juntas e tenho muitas saudades. Por uma série de motivos não vou citar seu nome!
Na sala de reunião de uma multinacional o diretor nervoso fala com sua equipe de gestores.
Agita as mãos, mostra gráficos e, olhando nos olhos de cada um ameaça: "ninguém é insubstituível" .
A frase parece ecoar nas paredes da sala de reunião em meio ao silêncio.
Os gestores se entreolham, alguns abaixam a cabeça.
Ninguém ousa falar nada.
De repente um braço se levanta e o diretor se prepara para triturar o atrevido:
- Alguma pergunta?
- Tenho sim.
-E Beethoven ?
- Como? - o encara o diretor confuso.
- O senhor disse que ninguém é insubstituível e quem substituiu Beethoven?
Silêncio.....
O funcionário fala então:
- Ouvi essa estória esses dias contada por um profissional que conheço e achei muito pertinente falar sobre isso.
Afinal as empresas falam em descobrir talentos, reter talentos, mas, no fundo continuam achando que os profissionais são peças dentro da organização e que, quando sai um, é só encontrar outro para por no lugar.
Quem substituiu Beethoven? Tom Jobim? Ayrton Senna? Ghandi? Frank Sinatra? Garrincha? Santos Dumont? Monteiro Lobato? Elvis Presley? Os Beatles? Jorge Amado? Pelé? Paul Newman? Tiger Woods? Albert Einstein? Picasso? Zico? etc...
Todos esses talentos marcaram a história fazendo o que gostam e o que sabem fazer bem, ou seja, fizeram seu talento brilhar. E, portanto, são sim insubstituíveis. Cada ser humano tem sua contribuição a dar e seu talento direcionado para alguma coisa.
Está na hora dos líderes das organizações reverem seus conceitos e começarem a pensar em como desenvolver o talento da sua equipe focando no brilho de seus pontos fortes e não utilizando energia em reparar seus 'erros/ deficiências' .
Ninguém lembra e nem quer saber se Beethoven era surdo , se Picasso era instável , Caymmi preguiçoso , Kennedy egocêntrico, Elvis paranóico ... O que queremos é sentir o prazer produzido pelas sinfonias, obras de arte, discursos memoráveis e melodias inesquecíveis, resultado de seus talentos.
Cabe aos líderes de sua organização mudar o olhar sobre a equipe e voltar seus esforços em descobrir os pontos fortes de cada membro. Fazer brilhar o talento de cada um em prol do sucesso de seu projeto.
Se seu gerente/coordenador , ainda está focado em 'melhorar as fraquezas' de sua equipe corre o risco de ser aquele tipo de líder/ técnico, que barraria Garrincha por ter as pernas tortas, Albert Einstein por ter notas baixas na escola, Beethoven por ser surdo. E na gestão dele o mundo teria perdido todos esses talentos.
Seguindo este raciocínio, caso pudessem mudar o curso natural, os rios seriam retos não haveria montanha, nem lagoas nem cavernas, nem homens nem mulheres, nem sexo, nem chefes nem subordinados . . . apenas peças.
Nunca me esqueço de quando o Zacarias dos Trapalhões 'foi pra outras moradas'. Ao iniciar o programa seguinte, o Dedé entrou em cena e falou mais ou menos assim: "Estamos todos muito tristes com a 'partida' de nosso irmão Zacarias... e hoje, para substituí-lo, chamamos:... . Ninguém ... pois nosso Zaca é insubstituível" Portanto nunca esqueça: Você é um talento único... com toda certeza ninguém te substituirá!
"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo..., mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso."
"No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é..., e outras..., que vão te odiar pelo mesmo motivo..., acostume-se a isso..., com muita paz de espírito. ..".
É bom para refletir e se valorizar!