Tenho muito orgulho de lhe chamar de prima. Ambas somos descendentes de uma família a qual você não carregava, e eu não carrego o sobrenome, família Razera. Minha avó Maria, a qual eu citei na minha postagem anterior, era irmã da sua mãe Rosalina, mas nós temos a mesma idade, isto porque antigamente quando os pais tinham seus filhos mais novos, os filhos mais velhos já estavam gerando seus primeiros filhos. Assim eu sou mais velha, 8 meses, o suficiente para crescermos juntas.
Uma das primeiras recordações que tenho da minha infância é minha avó Maria consturando e eu colando nas gavetas da sua máquina duas figurinhas, uma era uma menina moreninha de cabelos curtos e com um olhar bastante tímido a outra uma menina loira de cabelos compridos e bastante extrovertida, eu dizia "Vó sou eu e a Denise!
Foi uma infância cheia de brincadeiras, eu me alegrava quando sabia que você iria chegar, para a gente brincar, mas ao mesmo tempo temia porque você era bastante "bagunceira" e depois que você ia embora, "sobrava pra mim, responder pela bagunça". Mas não tinha problema, sua alegria e nossas brincadeiras compensavam tudo!
Me recordo de quando acabamos com a horta da minha avó Maria para fazer comidinha para a boneca e quando brincávamos de tobogã escorregando num tapete na escada que ligava a casa da minha avó com a casa da minha tia, quando você prometia que não iria "bater foguinho" se eu aceitasse pular corda, mas batia e eu caia ou ainda quando almoçavámos no quintal da casa do Nôno em Tietê, isto porque a família era tão grande, que para as crianças só tinha lugar no quintal, sentados no chão!
O tempo passou e veio a adolescência, 1976, 1977 e nós queríamos ir passear. Passávamos o domingo todo nos produzindo para a noite, após a missa poder passear na praça. Me recordo das minhas tentativas em vão para tentar pintar suas unhas e deixá-las bonitas, era impossível você tinha o costume de roer unhas!!! Era muito bom e acima de tudo muito divertido nossos passeios!
A menina tímida perdeu a timides e a extrovertida se tornou responsável. Eu gostava de estudar e segui outros caminhos e você dizia... eu não gosto de estudar... essas coisas não entram na minha cabeça...! Ficamos um pouco mais distantes no nosso dia-a-dia, mas sempre juntas nos momentos de alegria quando havia festa na família, aniversários, casamentos e nas tristezas também, quando os mais velhos partiam!
Fui sua madrinha de casamento e naquele dia começei a namorar o Miguel definitivamente! Você também foi minha madrinha de casamento e nas fotos aparece grávida da sua segunda filha Karina.
Quatro dias antes da sua partida conversamos muito, você me contou os últimos acontecimentos, falamos sobre a vida, as alegrias e angústias, sobre nossos medos e projetos futuros. Sempre alegre e atenciosa com os mais velhos, você me ajudou a levar minha mãe até o carro. Foi o último sorriso!
Não pude acreditar no que ouvi pelo telefone no sábado 4 de setembro aproximadamente as 22h40, minhas pernas, mãos, braços amoleceram e no me coração se instalou uma dôr. Você tinha sido vítima da imprudência e da irresponsabilidade do ser humano, daquele que bebe e dirige e daqueles que não sinalizam corretamente a fim de evitar acidentes.
Agora não dá para voltar no tempo e mudar aquele instante fatal, resta apenas sua lembrança e a certeza de que você está num lugar muito lindo, como as rosas que dedico nesta mensagem. Pessoas como você, são poucas Denise e costumam partir cedo demais, mas quem somos nós para questionar a vontade de Deus!
Descance em paz!