terça-feira, 21 de junho de 2011

TEMPO




Tempo, quem és tu? Vilão ou amigo.
És vilão porque a cada dia é menos um para vivermos
És amigo porque a cada dia ganhamos sabedoria
Às vezes nos assusta, quando olhamos para aquela foto de vinte anos atrás
Quando percebemos que estamos ficando com as feições da vovó 
Quando percebemos que não há mais tempo para ser mãe
Quando não conseguimos mais ler sem os óculos
Quando começamos disfarçar os fios brancos com xampu tonalizante
Quando surgem as dores na coluna e ficamos limitados.

Tempo, você nos deixa mais tristes, muitos já se foram
Mais medrosos, já vimos muitas tragédias e tudo assusta
Porém, nem tudo em si é ruim, a experiência de vida vale a pena
Vemos mudanças nas pessoas, ideologias irem para o "espaço"
Celebridades que se transformam em seres anônimos
E seres anônimos que se transformam em celebridades.
Mudanças no modo de vestir, na rotina das pessoas
 Os lugares são e ao mesmo tempo não são os mesmos
As casas, as ruas, muitas quebras de tabus.

Tempo tu és delicioso quando nos dá de presente “novas vidas”
"Novas vidas" que transformam "velhas vidas" em novas também
Que faz os quase cinquenta parecer vinte
Quando vemos surgir os fios de cabelos brancos no nosso amor,
E sentir quão feliz fomos e somos!

Tempo te quero muito, sempre mais
 Muito mais para mim e para todos
Só Tu tens o dom de curar feridas
Você é o maior presente que Deus nos dá todos os dias
 Em cada amanhecer!

domingo, 5 de junho de 2011

Pressentimento, dor , lágrimas, medo e o sorriso do Thiaguinho!

Quinta-feira, dia 02 de junho de 2011, já passavam das 17h30, quando deixei a Escola Domingos de Marco, onde atuo como diretora de escola, como sempre, fui a última a deixar a escola. Alguma coisa estranha estava acontecendo e eu não sabia o que era. Cheguei a parar o carro e olhar para trás para ver a escola que parecia chorar. Não entendi nada, achei que estava ficando louca e assim acelerei o carro e fui embora!

Já passavam das 20 horas quando a Valéria, vice-diretora da escola me ligou e disse que havia acontecido uma tragédia, um aluno do 8º A, da mesma turma do Wellington da Fazenda Capoava que havia falecido no último dia 8 de dezembro, havia falecido vítima de um acidente de bicicleta, seu nome era Thiago.

No primeiro momento não lembrei do rostinho dele, ele não frequentava a diretoria da escola. Na minha função geralmente 80% do nosso tempo é dedicado aos alunos indisciplinados com os quais estamos extremamente familiarizados, o que não era o caso do Thiago. Uma escola com aproximadamente 500 alunos é difícil de lembrar o nome daqueles que não dão trabalho!

Para tentar lembrar quem era o aluno e também para dar a notícia liguei para a Edilaine, que é professora de Matemática da turma. Quando eu falei em Thiago ela disse que não estava se lembrando, mas de repente ouvi um grito do outro lado do telefone dizendo:_ Thiaguinho!!!!! Não é possível, não pode ser!!! A Edilaine entrou em desespero e começou a chorar, eu nem consegui terminar direito a ligação e até me arrependi de ter dado a notícia daquela forma.

Foi assim que percebi o porquê daquele pressentimento que eu havia tido a tarde. Não demorou nada a foto dele já estava nas redes sociais dos alunos da escola. O Thiaguinho era um excelente aluno, participativo e muito alegre, sempre sorrindo, querido de todos!

A sexta-feira dia 03, foi triste demais. De manhã, quando cheguei na escola, todos os alunos estavam tomados por uma comoção que parecia que não teria fim, quantas lágrimas, quanta tristeza, todos já estavam preparados para ir até ao velório. Muitos alunos da escola ainda não haviam passado por essa experiência. O velório do Wellington em 2010 foi noutra cidade e muitos alunos já estavam iniciando suas férias. Quando chegamos no velório presenciei um momento extremamente triste, o dia que nossa escola chorou!

Como é triste vermos vidas podadas precocemente. Apesar da mídia não falar mais nada sobre o assunto, eu ainda não me recuperei da Tragédia de Realengo. Eu me coloquei no lugar das pessoas envolvidas, professores, pais e quando penso na fatalidade, me vem um desespero só em pensar que um maluco entrou na escola e assassinou crianças indefesas. Depois disso me tornei uma pessoa ranzinza, cada um que tenta entrar na escola tem que passar por uma entrevista antes para ser autorizado e infeliz do professor que deixar o portão do estacionamento sem bater o cadeado! A dor nos faz sentir medo, medo de tudo e de todos, medo de sentir dor novamente. Nos envelhecemos quando sentimos medo.

Mas, de que adianta sentir medo? A única coisa que o medo vai fazer é podar momentos felizes que podemos ter. Existem muitas pessoas que não viajam porque têm medo de avião, outras têm medo do mar, da serra, do navio. Outras não saem de casa por ter medo de assalto e assim vai, uma série de medos!

Termos prudência e responsabilidade é nossa obrigação, devemos nos policiar sempre e orientar nossas crianças quanto aos perigos que existem, porém, não podemos podar nossa vida e a vida das pessoas que nos cercam, principalmente das crianças, por sentirmos medo.

Se tivéssemos sentido medo, a foto do Thiaguinho sorrindo no Parque Aquático na excursão da escola do dia 20 de dezembro, que está ilustrando essa postagem não existiria, pois o medo nos proibiria de proporcionar momentos felizes aos nossos alunos. Que o sorriso alegre do Thiaguinho dê força para todos aqueles que o amavam seguir em frente.