sábado, 13 de julho de 2013

REFLETINDO

Em meio século de vida, muitas vezes me questionei quanto ao meu jeito de ser. Fui criada com muita disciplina, sem muitos mimos. Minha mãe sempre foi muito séria, focada quase que exclusivamente no trabalho, mas sempre foi dona de muita generosidade e todos que a conhecem e tiveram oportunidade de conviver com ela sabem disso. Meu pai tinha o mesmo jeito de ser da minha mãe, porém, bem mais calmo, mas muito exigente e disciplinado, principalmente quando se tratava da educação dos filhos.
Cresci assim levando tudo muito a sério e com muita responsabilidade, mas sem carisma, qualquer desvio minha mãe falava para eu parar com “frescuras”. Muitas vezes tentei ser mais carismática, mas não consegui. Hoje atravessando a linha imaginária do meio século de vida minha visão é outra.
Tive a oportunidade de conhecer e conviver com muita gente e hoje sinto que existe uma injustiça muito grande por parte do senso comum ao avaliar as pessoas. A sociedade analisa um ser humano pelo seu grau de carisma e muitas vezes se esquece de analisar o conjunto.
Isso porque, muitos daqueles taxados de “chatos” costumam falar a verdade e quando estão em posição de liderança costumam ser disciplinadores, visando sempre o bem comum, mas as pessoas, não entendem assim!
Todos nós já tivemos ou ainda temos vários professores. Enquanto somos alunos, amamos aqueles que nos dão maior liberdade, que deixam a disciplina correr livre, que não se importam com o conteúdo: se der tempo tudo bem, se não sem problemas!   Adoramos aqueles que trocam o conteúdo pelas piadas, que não dão “lição” se têm poucos alunos, que nos incentivam a faltar da escola, enfim gostamos daqueles que nos dão aquilo que queremos no momento.
Com o passar dos anos percebemos que aqueles que realmente nos amavam eram os que exigiam o máximo de nós, que faziam com que atravessássemos a barreira da ignorância para o conhecimento. Lembro-me até hoje dos ensinamentos que tive com os professores que muito exigiram de mim, que inspiraram meu futuro. Só que no senso comum, eles eram os “chatos” da escola!
Mas a escola é apenas um exemplo, em todas as atividades existe uma legião de pessoas sérias, caladas, extremamente competentes e reservadas que têm muito valor, mas que devido ao seu jeito de ser não são, nem nunca serão reconhecidas pela sociedade.
Isso não generaliza, porque temos os carismáticos competentes e responsáveis e temos também os não carismáticos incompetentes. Outro ponto a se observar é que a seriedade e a falta de carisma jamais devem ser confundidas com “grosserias” e “falta de educação”, essas são atitudes inconcebíveis!
Hoje não questiono mais a minha falta de carisma. Às vésperas de completar cinquenta anos, percebo que muitos adjetivos outrora avaliados como imprescindíveis, hoje considero bobagens. Não podemos mudar o que somos, gosto de ser assim!
Reconheço a existência de uma grande legião formada por pessoas não carismáticas, mas que na verdade são elas que disciplinam este mundo e verdadeiramente contribuem para o futuro das próximas gerações. 
A todos vocês minhas sinceras homenagens!