sexta-feira, 28 de maio de 2010

"As delícias do Ostracismo"


Uff! A sexta-feira foi pesada. Acabei de sair da reunião da comissão que está preparando o novo Plano de Carreira e Estatuto do Magistério, da qual eu faço parte.

É uma chance ímpar, um projeto deixado pelo Miguel, onde representantes do magistério estão opinando e dando sugestões para a formulação do novo projeto de lei que substituirá o anterior, dando novas perspectivas aos ocupantes do quadro do Magistério Público Municipal.

As discussões estão sendo intensas. Em alguns casos a comissão é 100% a favor ou contra e em outros geram algumas polêmicas. Mas, no geral, as discussões estão sendo saudáveis.

Apesar do cansado, a sensação que sinto é de paz e tranquilidade, e sabem qual o motivo? Por não ter mais nenhum poder! A cada polêmica que surge, eu apenas exponho a minha opinião, mas eu não posso fazer nada para mudar as coisas. Assim, me sinto em paz por saber que não vou magoar ninguém.

Isso é tão bom, me sinto como na figura acima! Após mais de cinco anos de intensas atividades, hoje, trabalho, mas o que faço é "fichinha": dirigir uma escola de trezentos alunos e dar dez aulinhas por semana no ensino médio de conteúdos que domino de olhos fechados, é simples demais, para quem já teve tantas preocupações. São essas as Delícias do Ostracismo, é quase como um eterno final de semana!

Estou insistindo bastante com o Miguel para ele não se envolver mais em política. Fico zangada quando ele vai assistir sessão de câmara, ou sai para algum compromisso político, gostaria que ele ficasse em casa comigo, aproveitando o inverno! Ele já se decepcionou tanto, que eu não gostaria que ele passasse pelo o que ele passou novamente, principalmente agora que ele está bem, ou seja, muito bem, como nunca esteve antes!

Mas as coisas não são assim, cada um é um, e mesmo ele sendo meu marido, não posso "mandar na vida dele", posso apenas aconselhar. O poder é complicado, jamais você conseguirá agradar a todos. A população muitas vezes desconhece as amarras da gestão pública e culpa os responsáveis por não ter concretizado um anseio seu. Não estou justificando aqui nenhuma má gestão. Existe muito o que fazer e muita coisa é possível com trabalho honesto, dedicação e inteligência.

Existem pessoas que assumem o poder e não se sentem responsáveis pelos "outros", ou popularmente dizendo "levam na barriga". Tem aqueles que tentam tirar proveito próprio, o que é pior ainda e aqueles que querem apenas "um holofote voltado para si". Mas também existem aqueles que se dedicam em tempo integral, esquecendo suas próprias vidas e sentindo plenamente responsáveis pelos "outros", nós dois, eu e o Miguel, somos assim! Sofriamos muito cada vez que não era possível atender aos anseios de uma pessoa.

Sempre que nos foi atribuindo uma função, seja na igreja, no trabalho ou no serviço comunitário, procuramos fazer tudo buscando a máxima perfeição e dando tudo de nós para que os projetos se concretizassem. Conseguimos, sempre conseguimos, mas com muito suor e muito trabalho, o que custava o nosso lazer, o convívio com a família, entre outros.

Valeu a pena? Sim, claro que sim. Também não dá para passar pela vida sem deixar o nome na história! Mas agora já fizemos a nossa parte. Daqui para frente é viver as DELÍCIAS DO OSTRACISMO.


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