quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O TRAUMA DA VAQUINHA "AMARROM"

Tarde da noite, o sono não vinha, dias difíceis, sentimentos a flor da pele. Passar o tempo, somente dando uma “olhadinha” no meu facebook, alguns amigos ficam por lá até altas horas!
Encontrei uma amiga deprimida e começamos a trocar algumas mensagens só que compartilhadas, daquelas que todos podem ver. Estava mal, chateada, desenxabida e tudo podia acontecer e aconteceu, numa resposta que dei a ela coloquei um “h” a mais numa palavra, ou seja, cometi um terrível erro de Português, assassinei a “Flor do Lácio”!
No dia seguinte percebi que mais pessoas haviam comentado a mesma postagem e uma das pessoas, professora de Português sentiu imensa satisfação em reescrever a palavra no seu comentário com letras maiúsculas, mostrando para mim e para todos que eu havia errado.
Naquele momento voltou o mesmo sentimento e a tristeza da infância quando no segundo ano primário com sete aninhos, me expressei mal e fui ridicularizada durante a aula. Fiz uma redação onde caprichei na história, inclui sentimentos, criei, fiz um trabalho limpo e ilustrei com um desenho! Achei que obteria a nota máxima, mas escrevi: "Era uma vez, uma vaquinha amarrom". O "amarrom" custou gozações por parte da professora fazendo com que a turma toda risse de mim, um bullying cruel praticado por quem estava sendo paga para ensinar! Para mim, naquela idade, o "amarrom" era um amarelo escurecido!
Desanimada com a Língua Pátria segui toda a minha vida assim, o destino não ajudou, meus professores eram substituídos a todo o momento e raras vezes foram professores comprometidos! Minha nota era o suficiente para passar, o trauma da vaquinha “amarrom” perdura até hoje!
Agora há pouco vi uma postagem de um colega, ele fala do atual momento político que vive a nação, ótimas colocações, porém ele trocou um “s” por um “z”! No primeiro comentário já pude constatar que uma professora de Português, não se importou em comentar a mensagem que ele deixou, mas fez questão de reescrever a palavra de forma correta, causando, creio eu, o mesmo constrangimento.
Na década de 1990 uma das teorias fortemente debatidas nos meios educacionais foi a de que cada indivíduo tem um tipo de inteligência mais desenvolvida do que outra. A “Teoria das Inteligências Múltiplas” de Howard Gardner ganhou projeção mundial.
Analisando tudo acho que os professores de Português, jornalistas e todos que tiveram a oportunidade de estudar a fundo o nosso idioma não devem parar de nos corrigir, contudo sugiro que façam de forma sutil (in box). Vocês são privilegiados, tiveram formação para perceber os erros da gramática, concordância, etc., Muitos de nós não tivemos porque estávamos nos especializando em disciplinas fundamentais para formação de outras áreas (engenheiros, arquitetos, médicos, técnicos, etc..)
Sou professora de Matemática há trinta anos e muitas vezes me deparei com situações hilárias: dei uma nota de vinte reais para descontar dezesseis e a balconista fez o cálculo na calculadora! Mesmo assim, nós matemáticos não ficamos cobrando de ninguém conhecimentos, mesmo aqueles do Ensino Fundamental, como uma Raiz Quadrada ou a resolução de uma Equação do Segundo Grau, ou a resolução de um problema através do Teorema de Pitágoras, mas somos constantemente cobrados e até ridicularizados quando trocamos um “s” por “z” ou acrescentamos um “h” a mais.
Regularmente nos deparamos com pessoas dizendo que a Matemática não serve para nada e ainda afirmam categoricamente que não usam Matemática na sua vida. Só que o infeliz não sabe que se não fosse a Matemática ele estaria vivendo numa caverna, porque todos os avanços da humanidade estão atrelados aos cálculos.
Sem a Matemática nós não estaríamos confortavelmente instalados em nossas casas, não teríamos energia elétrica e muito menos um computador na nossa frente! Nós podemos até não ter construído a nossa casa, não entender como a energia chega até nós e não saber como o nosso computador foi feito, mas quem fez tudo isso só conseguiu porque aprendeu Matemática.
Portanto, através deste texto cheio de “erros de Português” recomendo mais respeito e sutileza. Não deixem que as pessoas parem de expor suas idéias com medo de errar. Vivemos numa diversidade, nos completamos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário