Tarde da noite, o sono não vinha, dias difíceis,
sentimentos a flor da pele. Passar o tempo, somente dando uma “olhadinha” no
meu facebook, alguns amigos ficam por lá até altas horas!
Encontrei uma amiga deprimida e começamos a
trocar algumas mensagens só que compartilhadas, daquelas que todos podem ver. Estava
mal, chateada, desenxabida e tudo podia acontecer e aconteceu, numa resposta
que dei a ela coloquei um “h” a mais numa palavra, ou seja, cometi um terrível
erro de Português, assassinei a “Flor do Lácio”!
No dia seguinte percebi que mais pessoas
haviam comentado a mesma postagem e uma das pessoas, professora de Português sentiu imensa satisfação em reescrever a palavra no seu comentário com letras maiúsculas,
mostrando para mim e para todos que eu havia errado.
Naquele
momento voltou o mesmo sentimento e a tristeza da infância quando no segundo
ano primário com sete aninhos, me expressei mal e fui ridicularizada durante a
aula. Fiz uma redação onde caprichei na história, inclui sentimentos, criei,
fiz um trabalho limpo e ilustrei com um desenho! Achei que obteria a nota
máxima, mas escrevi: "Era uma vez, uma vaquinha amarrom". O "amarrom"
custou gozações por parte da professora fazendo com que a turma toda risse de mim, um bullying cruel praticado por quem estava sendo paga para ensinar! Para mim, naquela idade, o "amarrom"
era um amarelo escurecido!
Desanimada
com a Língua Pátria segui toda a minha vida assim, o destino não ajudou, meus
professores eram substituídos a todo o momento e raras vezes foram professores
comprometidos! Minha nota era o suficiente para passar, o trauma da vaquinha “amarrom”
perdura até hoje!
Agora há pouco vi uma postagem de um colega, ele fala do atual momento político que
vive a nação, ótimas colocações, porém ele trocou um “s” por um “z”! No
primeiro comentário já pude constatar que uma professora de Português, não se importou em comentar a mensagem que ele deixou, mas fez questão
de reescrever a palavra de forma correta, causando, creio eu, o mesmo
constrangimento.
Na década
de 1990 uma das teorias fortemente debatidas nos meios educacionais foi a de que
cada indivíduo tem um tipo de inteligência mais desenvolvida do que outra. A “Teoria
das Inteligências Múltiplas” de Howard Gardner ganhou projeção mundial.
Analisando
tudo acho que os professores de Português, jornalistas e todos que tiveram a
oportunidade de estudar a fundo o nosso idioma não devem parar de nos corrigir,
contudo sugiro que façam de forma sutil (in box). Vocês são privilegiados, tiveram
formação para perceber os erros da gramática, concordância, etc., Muitos de nós
não tivemos porque estávamos nos especializando em disciplinas fundamentais
para formação de outras áreas (engenheiros, arquitetos, médicos, técnicos,
etc..)
Sou
professora de Matemática há trinta anos e muitas vezes me deparei com situações
hilárias: dei uma nota de vinte reais para descontar dezesseis e a
balconista fez o cálculo na calculadora! Mesmo assim, nós matemáticos não
ficamos cobrando de ninguém conhecimentos, mesmo aqueles do Ensino Fundamental,
como uma Raiz Quadrada ou a resolução de uma Equação do Segundo Grau, ou a
resolução de um problema através do Teorema de Pitágoras, mas somos constantemente cobrados e até ridicularizados quando trocamos um “s” por “z” ou acrescentamos um “h” a mais.
Regularmente nos deparamos com pessoas dizendo que a Matemática não serve para nada e ainda
afirmam categoricamente que não usam Matemática na sua vida. Só que o infeliz não
sabe que se não fosse a Matemática ele estaria vivendo numa caverna, porque
todos os avanços da humanidade estão atrelados aos cálculos.
Sem a
Matemática nós não estaríamos confortavelmente instalados em nossas casas, não
teríamos energia elétrica e muito menos um computador na nossa frente! Nós
podemos até não ter construído a nossa casa, não entender como a energia chega
até nós e não saber como o nosso computador foi feito, mas quem fez tudo isso só
conseguiu porque aprendeu Matemática.
Portanto,
através deste texto cheio de “erros de Português” recomendo mais respeito e sutileza. Não deixem que as pessoas parem de expor suas idéias com medo de
errar. Vivemos numa diversidade, nos completamos!
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