Texto publicado no jornal Tribuna das Monções em 20/11/20
Em 1985, quando recebi o meu primeiro holerite como
pagamento por algumas aulas em substituição que eu havia ministrado numa escola
da Rede Estadual, a alegria foi tanta que achei que ficaria rica quando tivesse
jornada completa e fosse efetiva.
O tempo
passou, me efetivei, trabalhei com jornada completa e não fiquei rica! Ao longo
dos anos perdi direitos, meu salário foi diminuindo, pois nem a inflação era
reposta. A saída encontrada por mim e pela maioria dos professores foi dobrar a
jornada, trabalhando em outras redes.
No último
mês fui surpreendida com um desconto exorbitante, ou seja, nós aposentados do
Estado voltamos a contribuir para a previdência, sendo que já fizemos isso por
toda a vida. Algo inédito, que causou revolta em muita gente. E agora o que
fazer? Greve? Como assim? Somos aposentados! Não temos o que fazer!
Não adianta
chorar pelo leite derramado, mas é preciso reconhecer os erros! Aos olhos da
sociedade, nós estávamos felizes, pois desde 1995 ajudávamos a reeleger o mesmo
partido político. Mesmo perdendo direitos, nunca tivemos a coragem de mudar.
Nesses anos, durante as campanhas eleitorais, tentei conversar com os colegas e
mostrar o erro que estávamos cometendo, mas eu era ignorada!
Durante a
campanha de 2018, o atual governador João Dória, se posicionou contrário a
alguns direitos dos funcionários públicos, mesmo assim, Porto Feliz deu a ele
70% dos votos. Certamente ele teve o voto de muitos que hoje estão desesperados
para que a Apeoesp, CPP, Udemo, Afpesp ou qualquer outro sindicato reverta a
situação.
Eles não
conseguirão fazer nada! Nós tivemos muitas chances nesses vinte e cinco anos,
poderíamos ter mostrado nossa indignação através do voto! Fomos perdendo os nossos
direitos gradativamente e continuamos reelegendo quem os tirava de nós!
Solidarizo-me
com todos os colegas aposentados do Estado, eu também estou sofrendo as
consequências! Eu só não carrego comigo a culpa de ter votado nas pessoas
erradas.
Que essa
triste história sirva de reflexão para os funcionários públicos de outras
esferas administrativas. Não basta ter conquistado direitos, é preciso vigiar,
estar atento e lutar para não perdê-los. O voto é a resposta e quando você
reelege um político, significa que está feliz!
Depois não adianta reclamar! Como dizem nas redes sociais: “Nós somos eternamente responsáveis pelos políticos que elegemos”.
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