A ilustração da minha postagem é bastante interessante no ponto de vista do relacionamento da família com a escola, mas não é o tema que pretendo tratar aqui.
Tenho pensado muito durante toda semana, num tema que parece não sumir dos programas de formação continuada da educação. Só nesta semana eu ouvi nas duas escolas que trabalho durante reuniões pedagógicas a famosa frase: "O professor precisa mudar sua prática pedagógica".
Seria normal, se não fizesse vinte e cinco anos que ouço a mesma coisa. O tempo passou, se assistirmos um filme produzido em 1986, vamos ver a diferença no modo de vestir, nos cabelos, nos acessórios e até mesmo o cenário tem que ser outro, desprovido de celulares e computadores.
Para o professor as salas de aulas que são oferecidas para ministrar suas aulas são as mesmas, o aspecto das salas que dou aulas é igual a de 1974, quando eu era aluna, desculpe, está pior, porque naquela época tínhamos sistema de som dentro das salas e hoje nem isso temos.
Os materias oferecidos são: giz, lousa e agora uns caderninhos vindos do governo do estado, que para quem conhece Matemática, sabe que além de serem desprovidos de didática e lógica, não servem para nada!
Tem sala de informática sim, mas com burocracia para usar e rotineiramente com os computadores quebrados. Softwares e formação adequada para cada fim não existe.
Então porque o professor é cobrado desta forma, como se ele fosse o único culpado pelo fracasso escolar existente nos dias de hoje? Acabei de falar mais uma mentira "fracasso escolar existente nos dias de hoje". É bom lembrarmos que no passado não havia fracasso escolar, porém mais da metade das crianças ficavam fora da escola. Que maravilha de educação era aquela que excluia!
Voltando à reflexão sobre mudanças, já vi muitos projetos serem implantados e extintos, principalmente na rede estadual. Sou do tempo da escola padrão, das salas ambientes oferecidas apenas para dois ou três professores, do tempo do construtivismo mal interpretado por quem se propunha a multiplicar os conhecimentos da teoria, enfim, vi muita coisa dar errado. Faz um longo tempo que o mesmo partido governa o estado, contudo, cada novo secretário de educação chega com um projeto diferente, dizendo em alto e bom tom "agora vamos mudar a educação". Só que nada mudou, nem nada vai mudar. Não estou sendo pessimista e sim realista.
A culpa não é nossa, diferentemente do que eles pensam, não somos nós resistentes às mudanças, se fosse assim eu não estaria escrevendo aqui, no meu blog! A culpa é de quem não muda o aspecto da sala de aula, não oferece novas ferramentas para serem usadas sem burocracias nem agendamentos, o mínimo necessário de materiais que permaneçam nas salas, número de alunos reduzidos dando especial atenção aos casos de inclusão, apoio no caso de haver indisciplina e outras ações necessárias. Mas nem uma mísera sala ambiente para termos nosso próprio espaço temos, quanto mais o resto!
Então porque os responsáveis pelas formações não mudam esta frase infeliz? Deveriam primeiro pensar na estrutura que não é oferecida e cobrar dos gestores, depois ao invés de usar a palavra "mudar", usar "acrescentar" não para mudar e sim para implementar sua prática pedagógica. Só oferecendo no minímo o que citei acima é que poderemos cobrar ações.
Acredito que os "formadores" também não sabem o que fazer, nem o que falar, razão pela qual a famosa frase decorada: "o professor precisa mudar sua prática pedagógica" resiste ao passar do tempo, e é a predileta de governos e gestores que não sabem o que fazer.
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